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O Ano Litúrgico Católico

O Ano Litúrgico Católico
Categoria : Liturgia
Publicado por João Paulo em 30/01/2011

Por João Batista Passos



Os Católicos possuem a organização de tempo diverso ao calendário civil, que diga-se de
passagem, também foi organizado pela própria Igreja e é hoje, no mundo todo, o calendário
normativo, chamado de Gregoriano, devido a influência do Papa Gregório XIII, que o promulgou no dia 24 de fevereiro, no ano de 1582.
Mas, vamos voltar ao calendário litúrgico, que podemos chamar de calendário próprio dos Católicos.
A duração do ano litúrgico, assim como no calendário civil, possui um período cíclico de 12 meses,
porém, a divisão do ano litúrgico não se dá em meses, mas em 5 ciclos, chamados de tempos
litúrgicos. Os tempos litúrgicos são os seguintes e na ordem: O Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e Comum. Estes tempos também possuem a peculiar característica de que não são 5 tempos divididos de maneira iguais, mas cada tempo possui um período, podendo ser maiores ou menores. Outra curiosidade é que o tempo litúrgico da Igreja não leva apenas um ano para se completar, mas sim, três anos, divididos em Ano A, Ano B e Ano C. Este é o tempo que a Igreja utiliza para se fazer a solene proclamação dos quatro Santos Evangelhos.
Os tempos litúrgicos são tempos, pautados dia-a-dia na inteira vida de Jesus Cristo, desde o seu
Nascimento até a sua Ressurreição. Nos intervalos de cada período se celebra todos os aspectos
da vida de Jesus Cristo. Por isso, os Católicos devem ser atentos ao calendário que rege a nossa
vida cristã, pois, para nós batizados, a razão do tempo em que vivemos não é outra se não
conformar a nossa vida com a vida de Jesus Cristo.
Se nos atentarmos bem ao tempo litúrgico, teremos elementos suficientes para manter uma vida de oração e adequação de nossos atos conforme os desígnios do próprio Cristo, que desejou estar
conosco, no nosso tempo. Queiramos também nós, vivermos o tempo de Cristo.

O Advento
Vamos iniciar pelo período do Advento, identificado pelo cor roxa. Este período contém 4 semanas e vive dois momentos distintos, primeiramente conforme as leituras dos Santos Evangelhos, tratam-se da espera da volta do Senhor. Possui como lema a frase “Vinde, Senhor Jesus!”. Outra particularidade deste tempo é que há também a referência ao primeiro Advento, quando pela promessa realizada ao Povo Judeu, o Salvador nasceria na Cidade de Davi, em Belém. Além disso, também a espera da manifestação do Senhor no primeiro Advento, quando todos aguardavam o Messias, o Salvador.
Após a vivência da espera da vinda, anúncio do Reino de Deus e julgamento das nações, e isso
deve ser do nosso cotidiano, passamos a viver de maneira bastante intensa e uma alegria
espontânea o tempo do Natal.


O Natal

O tempo do Natal celebra pelo próprio Anúncio do Nascimento do Salvador, nas vésperas e no dia de Natal (25 de dezembro – Dia de Guarda) e segue o Ciclo do Natal por mais 3 semanas,
identificado pela cor branca. No Ciclo do Natal há também outras Celebrações Litúrgicas, seguindo em ordem são as Celebrações da Sagrada Família, Santa Mãe de Deus (1º de janeiro - Dia de Guarda), Epifania e o Batismo do Senhor. Todo este período se usa a cor branca.
Após o Natal temos a inserção inicial do Tempo Comum, identificado pela cor verde. Após a
exposição dos demais Tempos Litúrgicos, voltaremos com mais explicações do Tempo Comum.

A Quaresma

Os Católicos chegam ao Tempo da Quaresma, identificado pela cor roxa, pautada pelo período de
40 dias, que nos remete ao período em que Jesus permaneceu no deserto sob as tentações do
maligno, derrotando-as em nosso favor. A Quaresma também nos relaciona com o Sacrifício e a
conversão pessoal ligado de maneira intima a Paixão do Senhor.
O tempo da Quaresma possui em seu ciclo de 5 Domingos, sendo sempre iniciada na Quarta-Feira de Cinzas (Dia de Guarda) e tem seu término na Celebração da Quinta-Feira Santa, quando se inicia o Tríduo Pascal. É costume manter o espírito quaresmal até o Sábado Santo, quando a Igreja anuncia a Ressurreição do Senhor, culminando assim no mais importante período para o Católicos.
O Tempo da Quaresma tem em suas características a ausência de qualquer tipo de enfeites no
interior das Igrejas. Não se pronuncia a oração Litúrgica do Glória e também o Aleluia é omitido,
para ser cantado apenas na Missa da Páscoa.
A Penitência é o caminho que a Quaresma sugere aos Católicos, como um período propício para
abaster-se de tudo aquilo que dificulta a vida de oração e por resultado impede a conversão do
coração e a aproximação nossa com Deus. Penitência e jejum devem ser realizados para que nos
exercite corporalmente e espiritualmente, tornando-nos mais livres para vivenciarmos perante a
primazia de Deus na nossa vida, na vida da Igreja e na vida de todo o mundo.
Faz-se mister retomar o sentido da Quaresma, as músicas devem ser mais próprias para a vivência da penitência, deve-se abster totalmente das palmas, que naturalmente já são um erro em qualquer época do ano, mas na Quaresma mostram-se totalmente inoportunas. Vamos repensar em uma Quaresma que abramos mãos de nós mesmos e nos entreguemos com respeito e o máximo de reverência ao Nosso Senhor Jesus Cristo, que viveu a sua Paixão por cada um de nós.
Inicia-se na Quinta-Feira Santa o Tríduo Pascal, onde a Igreja se coloca em uma silenciosa vigília,
os fiéis acompanham, através da Liturgia Católica os momentos próprios do Tríduo, que se
culminará no anúncio da ressurreição de Cristo.
Comecemos pela Quinta-Feira Santa, onde temos o ato litúrgico do lava-pés, instituição do
Sacerdócio e instituição da Santíssima Eucaristia, Jesus se faz presente conosco, de maneira real,
em Corpo, Sangue, Alma e Divindade através do Mistério Eucarístico. Neste mesmo dia há a
benção dos Santos Óleos (do Crisma, do Catecúmeno e dos Enfermos).
Na Sexta-Feira Santa, ou Sexta-Feira da Paixão, único dia em que há celebração litúrgica mas que não há a celebração do Santo Sacrifício do Altar, isso se explica porque toda a Igreja se volta para o Sacrifício Cruento, ocorrido na Cruz, no Calvário, na cidade de Jerusalém. A Igreja, neste dia celebra a Adoração da Santa Cruz e o anúncio da morte do Senhor. Sim, a Igreja toda anuncia a morte de Cristo neste dia. Sem o anúncio da morte do Senhor, não poderíamos proclamar a sua
ressurreição. Neste dia, as imagens dos Santos e Anjos que ornamentam as Igrejas, são cobertos
por panos da cor roxa e todas as tolhas e tecidos que cobrem o altar são retirados, vivemos então
um período de resignação pelos nossos pecados, pois pelos nossos pecados, Jesus se entregou na
Cruz e foi esmagado pelo peso de nossas iniquidades.
Em alguns lugares do Brasil e do mundo há outros momentos de profundo valor religioso, como no caso da cerimônia da descida do Senhor da Cruz, a procissão do enterro, em que pessoas seguram velas e ouve-se de tempos em tempos a lamentação e o choro cantado da Verônica.
O Sábado Santo é um dia de muito silêncio interior, pois Cristo está sepultado. Estamos com ele
sepultados, afinal foi isso que a redenção nos trouxe pelo Batismo, com Jesus fomos sepultados
para a morte. Aguardamos neste dia a ressurreição juntamente com o Senhor.

A Páscoa

Chegamos ao ápice da vida Cristã. Chegamos ao Tempo Litúrgico mais importante da vida da
Igreja. É a Páscoa do Senhor. O sentido da Páscoa mantém de certa forma o sentido da Páscoa
Judaica, o Pessach, que se rememora a libertação dos hebreus da escravidão do Egito e a
passagem para a Terra Prometida. A grande diferença e a superioridade da Páscoa Cristã é que
estávamos todos escravos do pecado, havíamos perdido a nossa liberdade de sermos salvos e
passarmos para a verdadeira e definitiva Terra Prometida, que é o próprio Céu. Se um de nós não pode vencer a morte e libertar-nos assim do pecado, Deus enviou-nos o seu Filho único para
realizar esta redenção definitiva, esta Nova e Eterna Aliança. Assim, ao proclamarmos a
Ressurreição do Senhor, estamos imediatamente anunciando que a morte fora vencida em um único e perfeito Sacrifício.

"Aleluia, Jesus Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia."

Na Páscoa temos a mais ampla celebração da Igreja Católica. Diversos ritos são celebrados em
uma única cerimônia. Assim como a Renovação das promessas batismais, o Rito do Batismo,
celebrando assim a vitória da vida sobre a morte, pelos méritos de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
O Período Pascal se estende por 50 dias, culminando na Festa de Pentecostes.

O Tempo Comum

Dado algumas das intensas riquezas dos ciclos vividos até agora, voltamos ao tempo Comum. O
tempo Comum se relaciona sobretudo com a vida pública de Jesus. Identificado pela cor verde é um tempo em que prezamos muito os Domingos e os dias de preceitos que ocorrem durante este ciclo, aliás, o maior ciclo litúrgico é justamente o Comum, abrangendo ao todo durante o ano litúrgico 43 semanas.
Podemos dizer que o tempo comum é um tempo próprio para o amadurecimento da Fé e da razão humana, afim de se estabelecerem plenamente em Cristo. Vivemos cotidianamente uma vida pública e é preciso nesta vida estar por completo fundamentada no Evangelho, nos Mandamentos da Lei de Deus, na intensa oração e vigília.
Isso de fato é um desafio, mas nos é necessário tomar decisões em prol desta vida conforme os
desígnios de Cristo e tudo o que recebemos por herança deve pautar as nossas condutas e
pensamentos. O Batismo, a Confissão, a Santíssima Eucaristia e todos os Sacramentos são estas
heranças que mantém os que querem seguir caminhando com Cristo e que recebem, do próprio
Cristo, pela sua Igreja. São os remédios para as nossas debilidades.
Além de tudo, mantemo-nos intimamente ligados ao Espírito Santo, orando e confiando a ele toda
as nossas ações. Assim, cresceremos em Fé, razão e discernimento, livrando-nos do mal,
perdoando e assim, contatando com a felicidade para qual fomos chamados, uma felicidade que
respeita a ordem das coisas, que é amar realmente Deus sobre todas as coisas, amar a nós
mesmos como pessoas desejadas por Deus e ao nosso próximo de maneira semelhante.
Mantenhamos conformando as nossas vidas com a vida de Cristo.
O ano litúrgico finda-se com este período do tempo Comum, sobretudo, ressaltamos aqui o Domingo de Jesus Cristo Rei do Universo, o último Domingo do Calendário Católico.
Isto deixa claro que ao final de nossa história, de toda a história da humanidade, dentro de todos os seus ciclos naturais, de toda evolução humana em sua trajetória de criatura racional feita a imagem e semelhança de Deus, sabemos de uma única certeza, Jesus Cristo é o Rei da história, a história visível, documentada, registrada, compreendida, mas também de todas as coisas que, nós homens não podemos alcançar, dentro de nossas limitações naturais, sabendo que podemos afirmar, Jesus cuidou de tudo por nós, mesmo daquelas coisas das quais não conseguimos alcançar com o nosso conhecimento, pois no final da história da humanidade e de toda a criação, sabemos e anunciamos, há dequem rege e legisla toda a criação, Jesus Cristo Rei do Universo.
Após a celebração de Cristo Rei do Universo e a semana que segue, finda-se mais um ano católico
e se reinicia outro, sugerindo constância e perseverança pelo caminho, pela vida, até o fim dos
tempos.

Terminamos uma rápida jornada pelo Ano Litúrgico Católico, o ano que prioriza a ação de Deus na vida e na história de todos nós.

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